Micronarrativas escritas a partir de ilustrações, com um limite máximo de 50 palavras
Vejo-a todos os dias. No mesmo lugar, na mesma posição.
Como não a ver?!!! Com as suas vestes de tom amarelo, a mesma cor das flores no seu cabelo?!
Não entendo a sua postura. Não sei se está morta ou adormecida, mas segura sempre o mesmo livro nas suas mãos pálidas.
Júlio Teixeira
Dois irmãos éramos
Diz-me ele, em tom sincero:
– Não sei como viveria sem ti, mano!
Eu respondi:
– Pois eu viveria muito bem sem ti.
Hoje, sentado no alpendre, não suportando o vazio da casa e recordando o seu rosto, apercebo-me do quão errado estava.
Fernando Leite
Mais um dia passado. Corria com o livro na mão até ao terraço do último andar. O andar que dividira com ela antes de partir.
O livro? O seu favorito.
Ela sempre gostara de ler ao final do dia.
Agora, era ele que adquiria esse hábito.
Inês Gonçalves
Num dia de céu cinza, um homem lê um livro auxiliado apenas por alguns raios de luz que penetram a escuridão que o envolve.
Quando lhe perguntei o que fazia ali, respondeu-me apenas:
– Neste dia de escuridão procuro luz para a minha vida.
Francisco Barbosa
Febre
Estava quente, mas o tempo era frio. Voltou a olhar para o relógio e não via os minutos a passarem.
Suspirou. Pegou no seu livro e contentou-se com mais um dia na cama.
Filipa Silva e Gabriela Lima
Verdades em papel
Um jovem rapaz permanecia sentado no seu lugar favorito. Dali, a sua vista alcançava toda a cidade e, ao fazê-lo, pensava e escrevia sobre o que sentia, lançando as suas palavras em pequenos e singelos aviões de papel.
Ana Castro e Beatriz Sousa
As palavras no papel formavam um universo seguro que lhe permitia fugir dos terríveis desastres do mundo e enchiam, temporariamente, a sua mente vazia.
Emília Lira
Agarro-me a este livro… ou será isto uma espécie de portal que me leva a um universo paralelo e distante?
Ignorando completamente o mundo ao meu redor, agarro o livro e, por fim, deixo-me levar.
Joana Mealha